Não quero que, viver fazendo parte desta humanidade, faça de mim um número, uma variável, um dado estatístico. A ipsidade de cada um esconde-se num lugar próprio que não é certamente sinónimo de uma imagem de indivíduos produzidos em série por um computador divino, lá no alto. Detesto esta "coisificação" das pessoas, esta aproximação a um máximo denominador comum como se a Revolução Industrial tivesse, sei lá, saltado do sonho do senhor Henry Ford e contagiado o mundo por vir. Há que fazer escolhas e eu não abdico da minha diferença em face de cada um e de todos. Seria tornar tudo tremendamente enfadonho, a diluição da diversidade é um atentado sério à democracia nas ruas, à tolerância humana. O todo não pode passar por cima da respiração da personalidade e sobretudo da felicidade individual, afirmação de uma história desenhada por um lápis consciente ainda que imperfeito. Eu sou eu e tu és tu. Sempre. Podemos tentar um reconhecimento mútuo, cruzar as linhas paralelas e torná-las num traço contínuo de experiência. No limite, seremos sempre unos e múltiplos em simultâneo porque o caminho da felicidade é o de uma autodeterminação consciente. Eu sou o projecto da minha existência. Num mundo que não pára de produzir quantidades assustadoras de lixo padronizado, eu escolho assumir as vivências do "underground não-industrial", escolho respirar e enebriar-me com a luz de novas ideias, soluções e comportamentos. We can,
para que a Vida não seja um circo sem música, um Ford T perdido numa crise-em-série.
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