abril 25, 2009

O amor, dizes-me

Escuto o silêncio das palavras. O seu silêncio
suspenso de gestos com que elas desenham
cada objecto, cada pessoa, ou as próprias ideias
que delas dependem. Por vezes, porém, as
palavras são o seu próprio silêncio. Nascem
de uma espera, de um instante de atenção, da
súbita fixidez dos olhos amados, como se
também houvesse coisas que não precisam de
palavras para existir. É o caso desse sentimento
que nasce entre um e outro ser, que apenas
se adivinha enquanto todos falam, em volta,
e que de súbito se confessa, traduzido em
breves palavras com a sua silenciosa verdade.
Nuno Júdice

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