Fui procurar no meio das "obras". Entrei no meio do teatro onde todas as possibilidades se afinam debaixo de um barulho que é o da vida a passar em catálogo, ao lado. Qual das ruas sigo e qual das paisagens abraço? É no meio do deserto, dessa luz seca e dura que o sonho se pode expandir mais, através da luta e das dificuldades.
Aprendo a ouvir com o sentir e a ver depois disso. Esqueço que há que andar sem sentido se perder é o lugar da partida. Há que fazer da vida um corredor de fotografias que nos coleccionam primeiro do que a morte, do que o viver nos intervalos. É onde tudo se mistura e tudo arde que devemos ousar colocar as nossas mãos para que da dor da tentativa se faça coragem para respirar. Debaixo do manto pesado dos escolhos encontrei as combinações que a imaginação concebeu e outras que ela pediu emprestadas.
É uma questão de preparação: quando é que o barulho se torna música e quando é que as notas nos fazem querer voar? Ir mais longe, atravessar o rio, unir as margens. Fazer nascer água de dentro da superfície dos dias, inundá-los de sentido ou de sonho, tentativas. Podemos coser, rasgar, decifrar, rectificar para que possamos sobretudo aprender.
O lugar da sabedoria é o daqueles que não têm medo de sofrer. Ouve o mundo depois de te escutares.
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