agosto 29, 2010

Maina Mendes

"Por toda a vida Maina Mendes sagraria assim, dessa crua distância, o direito ao absurdo dos demais e seu.
(...)
O dedal aqueceu e o anelar parece assim estar-lhe colado pela película de suor que os tem húmidos a ambos. Tudo foi pois trabalhado por forma a que a sua carga de remota, incontrolável ira haja tomado feição de exigência ao que faz, ao que a cerca. Uma exigência porém morosa, precisa. Como alguma coisa fitada por longo tempo e porém visto tudo. E, como todos os ocultos do seu tempo, exigente de seus invólucros e de suas moradas.
(...)
Tremem então e se recolhem a pensar que por certo se deu pela falha que a pata leonina do móvel abriu no corrimão, por certo o serviço será tido por descuidado e canhestro e aprenderão então, definitivamente, a malquerença ao ofício que humilha que é malquerença do mundo que se conhece, princípio de invenção de um outro."

Sem comentários: