"Creio mesmo que a saudade é amargor de paragem, não de distância. E isso me bateu ontem, de novo, cada vez mais certamente, no cais de Alcântara com as gaivotas adormentadas como pequenos patos, quietas no baloiço das águas, que reles somos quando não temos para onde ir. Que reles é a nossa lucidez de palradores serviçais quando nos não toma mais o silêncio da demanda do novo.
(...)
Pois que é a paixão senão uma forma de provar o medo, a permanente descrença do lugar e tempo que somos? Por isso a paixão tardia é mortal, pois que não resta tempo para reconhecer-se um futuro depois dela. Reconhecer os rostos dos que cuidávamos prezar, reconhecer a marca do amor na coisa futura que queremos."
in Maina Mendes, Maria Velho da Costa
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