dezembro 27, 2008

Anatomia de Grey

Caminho contigo, pela noite dentro.
Sou teu ouvinte, quero-te virada do avesso.
Caminho contigo pelas ruas do teu ser, inteiro.
Mostra-me os teus esconderijos de tudo, os lugares de nada.
Abro o teu corpo com o bisturi da amizade-amor.
É uma cirurgia de conhecimento, quero ver-te.
Conhecer alguém não chega, é preciso Ver.
Vamos de mãos dadas, os teus dedos são a lanterna.
Mostra-me o negro de ti, o que faz de ti humana.
Quero o desafio de adorar-te toda, ritual de adoração pagã.
És tão frágil na tua pseudo-segurança treinada, no teu ponto final.
Gosto mais de ti pelas dúvidas que me dão vontade de te abraçar.
O escuro da noite depende de nós. Só vês o que queres.
Contigo, o mundo não me interessa. Quero a tua carne à luz da mesa de operações.
Vou pegar no teu coração e fazer-lhe uma actualização de software sentimental.
Precisas de sentir mais, o coração fez-se para parar, não tenhas medo de viver.
A rua, os dois, as mãos, o bisturi em riste, apontado contra a tua máscara.
Quero amar as tuas artérias envenenadas de equívocos e os teus músculos de vontade frouxa.
Vamos os dois reformular o que está mal em cada um, pela noite dentro. Ouvindo.
Só tu, és toda vontade em mim, quero possuir-te de mim, deixar-te ver os meus ventrículos na força máxima. Paixão é o teu nome, injectas-te em mim pela porta principal.
Deixa-me fazer de ti o melhor de mim, preciso de um transplante de coração.
Vou roubar o teu, por amor. De bisturi.

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