Talvez um dia a voz dos acontecimentos deixe a tua própria respirar, talvez.
Digo-te isto e agarro-me à tua mão como que puxando a tua história de encontro à minha vontade de mudar o mundo.
Queria que as certezas que nos colocam sobre os ombros para caminharmos pelo mundo desaparecessem. Continuo a sentir que a justiça devia ser o caminho, não faço a apologia dos heróis porque sei que, dentro do estoicismo, correm gritos de cansaço feitos da carne humana tão invisível.
O que interessam passos vazios e conversas leves que o vento da memória limpe ao virar dos dias? Quero ficar ao teu lado, quero abraçar a tua desgraça e sentir o abismo da derrota ser maior do que o da solidão. Sim, perdemos o rumo lá fora mas temos sempre esta casa que é a amizade sem limites, sem horas e temas, sem agenda.
Um dia, explico-te. Que venha esse dia e todos aqueles em que a compreensão da vida se faça pela entrega, pelas lágrimas e alegrias que nos juntam, pedaços colados mil vezes pelo cuidado que colocamos no que gostamos.
Não interessa se somos menos sortudos ou se os outros algum dia vão perceber. Não tenho tempo para isso. Só sei que, até hoje, chegaste até mim e soubeste lembrar como o primeiro passo para construir. A história vai sendo cosida pelas mesmas mãos desamparadas que perguntam.
Só sei que a resposta não passa de uma dança de volta. Ao mesmo sítio, onde a mentira do mundo tem o sabor da verdade, a nossa.
2 comentários:
Tu escreves que é uma coisa maravilhosa :)
Ler-te é um prazer!*
"Não interessa se somos menos sortudos ou se os outros algum dia vão perceber. Não tenho tempo para isso."
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