março 29, 2010

março 27, 2010

março 24, 2010

"Papel, pedra, tesoura"

'(...) Perante isto, pergunto-te: estás convencido de que cheguei a este dia sem convicções? És capaz de conceber que não acreditei em inúmeras ideias certas e erradas até chegar a este instante preciso? Diante da varanda onde estou, há uma árvore gigante, de folhas grossas. Os macacos mexem-se nos ramos e, dentro da escuridão, parecem crianças. Para te protegeres, poderás achar-me arrogante. És livre de pensares o que quiseres. Podes achar que estou cheio de mim próprio. Continuas a ser livre. Mas tanto eu como tu sabemos que não me conheces o suficiente para tirar essas conclusões com propriedade. Nos cafés que servem bagaço, costuma haver um azulejo onde está escrito: «se tens inveja do meu viver/vai trabalhar malandro». Não é isso que te digo, também não te conheço o suficiente para te chamar malandro, mas digo-te: se tens inveja, é bem feito, mereces. Essa inveja há-de envenenar-te mais do que estes mosquitos miudinhos que andam aqui à minha volta a procurar, ingloriamente, um pedaço de mim que não esteja protegido por repelente de insectos.'
José Luís Peixoto, In Visão

março 23, 2010

março 15, 2010

Annie Hall

Citações

"Nós vivemos muito em função do que nos falta."
Eduardo Lourenço

março 04, 2010

Shove It

Livros

14.
"(...) Defendemo-nos, por outro lado, contra uma vaidade que, também aqui, desejaria elevar a sua voz: como se o homem tivesse sido o grande pensamento que esteve sempre por detrás da evolução animal. O homem não é de modo nenhum a coroa da criação: ao lado dele, cada ser se encontra com o mesmo grau de perfeição...E, ao pretender que assim é, vamos ainda demasiado longe: o homem é, relativamente, o mais falhado de todos os animais, o mais desajeitado, aquele que mais perigosamente se afastou para longe dos seus instintos - é verdade que, com tudo isso, ele é também o animal mais interessante!
15.
" (...) Desde que o conceito de «natureza» foi inventado como oposição ao conceito de «Deus», «natural» tornou-se o equivalente de «desprezível» - todo este mundo de ficções tem a sua raiz no ódio contra o natural ( - a realidade! - ), o ódio é a expressão do profundo incómodo causado pela realidade...Mas isto explica tudo. Quem é que tem razões para sair da realidade através duma mentira? Só aquele a quem a realidade faz sofrer. Mas sofrer, nesse caso, significa ser ele próprio uma realidade falhada... A preponderância do sentimento de pena sobre o sentimento de prazer é a causa desta religião, desta moral fictícia: um tal excesso fornece a fórmula para a decadência..."
16.
" (...) Um povo que ainda tem fé em si mesmo possui também um Deus que lhe é próprio. Venera nesse Deus as condições que o tornam vitorioso, as suas virtudes, projecta a sensação de prazer que a si próprio se causa, o sentimento de potência num ser a quem os pode agradecer. (...) Nestas condições, a religião é uma forma de reconhecimento. É-se agradecido para consigo próprio: é por isso que se precisa de Deus. (...)"

março 02, 2010